Equivalência entre Pintura eletrostática a pó e Pintura líquida.

Introdução

No desenvolvimento de um processo licitatório ou mesmo em uma negociação direta envolvendo estruturas metálicas, é bastante comum que tanto o cliente ou o próprio fabricante avaliem ou apresentem propostas alternativas que visam a otimização de custos desta estrutura.

A apresentação de propostas de engenharia de valor ou mais conhecida entre os “metaleiros” como reengenharia ganha cada vez mais espaço e são ferramentas poderosas de ganho de competitividade para as empresas que atuam neste mercado.

Os itens passíveis de reengenharia variam muito em função das características e recursos da empresa participante do processo licitatório. Geralmente envolve o redimensionamento das estruturas metálicas, reavaliação dos carregamentos aplicados, troca ou substituição de perfis, metodologias de montagem alternativas bem como trocas de sistemas de proteção contra a corrosão.

No caso específico de sistemas de pintura, uma das alternativas possíveis é a troca do sistema de pintura líquida pelo sistema de pintura a pó.

Sempre que esta troca é proposta, surgem questionamentos quanto a equivalência entre estes sistemas e qual medida de comparação pode ser apresentada ao cliente como evidência da equivalência entre os sistemas.

Neste sentido, este artigo tem o objetivo de apresentar algumas metodologias desenvolvidas em parceria com fornecedores de tinta, e que servem como modelo de comparação entre os sistemas de pintura pó e líquida.

O que é um sistema de pintura eletrostática a pó

O sistema de pintura eletrostática a pó utiliza o conceito físico da atração e repulsão eletrostática, no qual cargas elétricas de mesmo sinal se repelem enquanto que cargas elétricas de sinal diferente se atraem.

Durante a aplicação do sistema de pintura tanto a tinta quanto o substrato são carregados eletricamente com cargas opostas.

No momento em que a tinta entra em contato com o substrato é atraída por este ocorrendo então a fixação da tinta.

Para finalizar o processo a peça pintada é colocada em forno onde ocorre a fusão do pó, e, por conseguinte a formação da película

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Comparativo entre Sistemas de pintura eletrostáticos a pó x sistemas líquidos.

Como qualquer sistema de pintura, o sistema eletrostático a pó apresenta vantagens e desvantagens quando comparado a um sistema com pintura líquida. Um comparativo com as principais vantagens e desvantagens entre os sistemas é apresentado abaixo:

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Sob o ponto de vista das propriedades mecânicas, as tintas a pó quando adequadamente curadas apresentam dureza elevada, boa resistência à abrasão e impacto.

Já com relação a proteção anticorrosiva, uma vez que respeitem o processo de cura adequado, as tintas a pó apresentam índices de impermeabilidade idênticos ou até superiores aos índices de uma tinta a líquida convencional.

Como comprovar a equivalência entre os sistemas a pó e liquido ?

A forma mais simples de medir a equivalência entre os sistemas de pintura, é, através da comparação direta entre normas, ou seja, a partir da classificação da corrosividade do ambiente e da durabilidade esperada definidos para um sistema de pintura (líquida ou pó), se encontra um sistema equivalente com o mesmo ambiente e mesma durabilidade.

No caso da tinta líquida, pode-se usar como norma de referência a norma ISO 12944 parte 5 a qual apresenta vários esquemas de pintura para vários ambientes de corrosividade assim como diversas durabilidades esperadas (low, médium, high e very high).

O item 5.5 da norma ISO 12944/1 apresenta o tempo médio de durabilidade para cada uma das classes descritas acima.

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Uma vez que não existe uma norma ISO de tintas a pó equivalente à norma de tintas líquidas (ISO 12944), adota-se como referência, o Technology Guide 25 elaborado pela SSPC (Society for Protective Coatings) de 2019.

Importante ressaltar que em 2021 houve a fusão da SSPC e NACE internacional criando a AMPP (Association for Materials Protection and Performance).

Esta norma apresenta uma tabela com sistemas de tinta a pó já adequados para os mesmos ambientes de agressividade da ISO 12944, indicando diversos sistemas de pintura a pó, sua espessura e expectativa de durabilidade.

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De modo a ilustrar um exemplo prático de aplicação desta metodologia apresenta-se abaixo a comparação entre uma tinta líquida alquídica especificada para um ambiente C3 com uma durabilidade classificada como média.

A espessura mínima recomendada pela ISO 12944 é de 160 micrômetros. Já para o pó as opções disponíveis variam desde a aplicação de resinas pó poliéster puro, até a aplicação de dupla camada de pó com resinas epóxi e poliéster. A espessura mínima pode varia de 50 micrômetros até 150 micrômetros.( 1 mil= 25 micrômetros).

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Uma outra forma de medir esta equivalência se dá a partir da comparação de resultados de testes de laboratório

O conceito adotado neste caso é o de avaliar a durabilidade do sistema de pintura a partir das propriedades químicas e físicas da resina as quais podem ser avaliadas através de testes de envelhecimento feitos em laboratório.

Os principais parâmetros de interesse nestes testes são a performance do sistema à condensação bem como quanto à névoa salina.

Para alguns ambientes o teste de envelhecimento cíclico pode ser exigido.

A tabela 1 da ISO 12944/6 apresenta os testes requeridos bem como o tempo mínimo de realização do ensaio, para estruturas metálicas não imersas em água. Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

No caso da tinta a pó, as amostras são submetidas aos mesmos testes exigidos para as tintas líquidas.

Caso os resultados dos testes sejam satisfatórios é possível afirmar que a tinta a pó possui a mesma equivalência que uma tinta líquida.

Segundo a ISO 12944, a realização destes testes garante com uma alta probabilidade de acerto que o sistema de pintura apresenta a durabilidade necessária para o ambiente escolhido.

Vale a ressalva de que a própria norma alerta que mesmo que o grau de confiança dos testes seja elevado, não se pode garantir que a performance de laboratório será a mesma que a do campo pois existem uma série de fatores que influenciam no processo de degradação os quais não são possíveis de simular através de testes de envelhecimento no laboratório.

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